Assinalou-se no dia 1 de Fevereiro, mais um aniversário do golpe militar em Mianmar, a antiga Birmânia. Foi há três anos.
Desde Fevereiro de 2021 que o país está como que a ferro e fogo, debaixo do punho cerrado dos militares que enfrentam a revolta de grupos étnicos, por vezes conflitos armados com grupos de resistência e milícias.
Frequentemente chegam-nos deste país notícias de violência bárbara e de ataques injustificados contra as populações civis e também contra as comunidades católicas.
O Papa Francisco tem erguido a sua voz num apelo veemente à paz, ao fim do sofrimento. Mas parece que as suas palavras não têm eco. Também a Fundação AIS tem apelado à paz.
Desde o primeiro momento que a Ajuda à Igreja que Sofre tem procurado alertar também o mundo para a crise humanitária que está a acontecer em Mianmar praticamente às escondidas de todos, praticamente sem que se conheça sequer a real dimensão desta tragédia que está a enlutar um povo que apenas reclama o direito a viver.
Disse o Papa, na véspera deste terceiro aniversário do golpe militar que o maior tesouro de Mianmar “é o seu povo”. Podemos acrescentar que é um tesouro que, neste momento sofre, está em lágrimas, está a morrer.
As populações estão cercadas pela violência, são forçadas a fugir, ficam reduzidas à mais ínfima miséria e pedem ajuda. E ninguém parece as escutar.
No dia em que se assinalou o início desta tragédia, a presidente internacional da Fundação AIS, Regina Lynch, sintetizou este drama numa frase que devia ser repetida por todos, devia ser rezada por todos, que devia incomodar os mais poderosos.
Diz ela: “Este é um povo sem lugar para onde ir, sem terra onde viver, sem cama onde dormir, sem lugar para onde fugir, sem lugar onde se esconder!”
Em Mianmar, não há futuro. Há apenas sofrimento, dor e morte. Se não pudermos fazer mais nada por este povo, ao menos rezemos por ele.
Paulo Aido