No meio das perseguições, a fé está viva e as igrejas estão cheias | 5MIN #180 | 01JUL23

Na semana passada, a Fundação AIS apresentou na Assembleia da República o mais recente relatório sobre a liberdade religiosa no mundo.
Já aqui falei deste trabalho, deste documento que aborda exaustivamente o que se passou no mundo no que diz respeito a este direito humano essencial durante os anos de 2021 e 2022.
A sessão teve o apoio das mais altas figuras do Estado.
Por um lado, a Assembleia da República abriu as portas da casa da democracia para a Fundação AIS apresentar o relatório e o próprio presidente do Parlamento, Augusto Santos Silva, esteve presente e referiu a importância deste trabalho, desta recolha de dados que a Ajuda à Igreja que Sofre realiza, com uma equipa pluridisciplinar de dois em dois anos.
E até Marcelo Rebelo de Sousa deu o seu apoio através da concessão do Alto Patrocínio da Presidência da República, ao evento da AIS.
Mas hoje quero destacar aqui as palavras proferidas, na ocasião, por um sacerdote.
O padre espiritano Bernard Adukwu, oriundo da Diocese de Idah, na Nigéria, apresentou um breve, mas emotivo testemunho sobre a situação dramática que se vive no seu país, em especial na região norte e “sobretudo em Kaduna”, o estado nigeriano “onde os cristãos são mais perseguidos”.
E referiu três casos para explicar por que não se pode falar em liberdade religiosa no país onde nasceu há 38 anos. A 19 de Julho de 2022, duas igrejas foram atacadas e três pessoas morreram. Várias foram raptadas. A 17 de Abril de 2022, terroristas atacaram uma comunidade cristã no sul de Kaduna. 33 pessoas morreram e 40 casas foram queimadas. A 7 de Maio de 2023, raptaram 25 pessoas durante uma celebração e mataram uma.
O padre Aukwu referiu cada um destes três casos, terminando sempre com uma pergunta que é uma interpelação também ao mundo: Nestas condições, podemos falar em liberdade religiosa?”
Apesar deste cenário sombrio, a curta intervenção deste sacerdote espiritano, que é actualmente capelão dos africanos no Patriarcado de Lisboa, terminou com uma nota de esperança pelo exemplo de coragem dos cristãos do seu país. Disse ele que “no meio das perseguições, a fé está viva e aos domingos as igrejas estão cheias”.
É mais do que a constatação de um facto. É a certeza da coragem de uma comunidade que não se amedronta perante as ameaças, que não foge perante o risco, que não vira costas ao essencial. Temos muito para aprender com o povo cristão da Nigéria. E temos muito que fazer para o ajudar a superar as consequências da violência que enfrenta todos os dias.
Paulo Aido

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