O amor não é uma ameaça | 5MIN #154 | 31DEZ22

Uma empresa norte-americana analisou o computador do padre Stan Swamy, o sacerdote jesuíta falecido aos 83 anos em Julho do ano passado num hospital em Bombaím, na Índia, e conseguiu comprovar ter havido uma intrusão por parte de piratas informáticos durante cerca de cinco anos.
A empresa “Arsenal Consulting” conseguiu analisar detalhadamente a correspondência electrónica do padre jesuíta, que morreu no hospital após ter contraído na prisão o coronavírus, e demonstrou “que um ‘hacker’ colocou múltiplos documentos incriminatórios” no seu computador.
Ao todo, terão sido encontrados pelo menos 44 documentos, incluindo as chamadas “cartas aos maoístas”, referidas como prova contra o padre Stan pelas autoridades judiciais indianas.
Todos esses documentos foram ‘plantados’ no seu computador pessoal por um pirata informático. Agora, perante as conclusões do relatório apresentado pela empresa norte-americana, a Companhia de Jesus pede às autoridades novas investigações à luz destes dados agora revelados, pois vêm corroborar a posição sempre defendida pelos jesuítas da inocência total do padre Stan Swamy.
Preso sob acusações absurdas de colaboração com grupos terroristas, nomeadamente a participação numa conspiração de militantes maoistas para o assassinado do primeiro-ministro Narendra Modi, o padre Stan morreu sob custódia aos 83 anos de idade, enfraquecido por uma longa e injusta prisão.
O que está em causa agora não é devolver ao sacerdote os anos de liberdade que lhe foram roubados na prisão, com uma decisão da justiça que o equiparou a um vulgar malfeitor, que o considerou como um terrorista capaz de absurdas maquinações.
O que está em causa, agora, é a restituição plena da dignidade à memória deste homem que dedicou toda a sua vida aos outros, aos oprimidos, aos mais pobres, às populações tribais.
Que a justiça emende a sua mão é o que se pede. E que esteja atenta a outros casos de outros sacerdotes, de catequistas e de outros líderes que defendem apenas os mais fracos da sociedade, os mais pobres e não devem, não podem ser confundidos com agentes subversivos. A não ser que, na Índia, se considere o amor como uma ameaça, a não ser que se considere fazer o bem uma perversão.
Paulo Aido

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