Foram sete anos de espera que terminaram num carimbo vermelho. Hanna Saka saiu do Iraque, fugindo do terror imposto pelos jihadistas do Estado Islâmico, e refugiou-se na Suécia.
Pediu asilo mas a sua pretensão nunca foi atendida. Morreu, aos 84 anos, depois de as autoridades de Estocolmo o terem colocado no dia 27 de Fevereiro num avião da Turkish Airlines rumo a Bagdade.
Não chegou ao seu destino. Segundo as agências de notícias, o octogenário morreu durante o voo e o avião da companhia turca terá realizado uma aterragem de emergência na Polónia, tendo as autoridades locais procedido à realização de autópsia.
Faz lembrar uma canção de Chico Buarque: “morreu atrapalhando o tráfego…”
O corpo deste cristão foi depois transladado para o Iraque, procedimento realizado pela embaixada de Bagdade na capital polaca.
Segundo relatou o irmão, o estado de saúde de Hanna Saka, que sofria de problemas cardíacos, ter-se-ia deteriorado nos últimos tempos devido ao ‘stress’ causado pela situação de impasse em que se encontrava.
O caso de Hanna Saka coloca em relevo a situação de insegurança em que vivem os cristãos no Iraque, algo que tem sido denunciado com alguma frequência pelo cardeal Louis Raphael Sako.
Há uma atmosfera de ódio neste país do Médio Oriente. Depois da tragédia que foi a ocupação e expulsão dos cristãos das terras bíblicas da Planície de Nínive, em 2014, pelos jihadistas do Estado Islâmico, há um sobressalto que parece ter ficado, que parece ter criado raízes.
A história de Hanna Saka é disso um exemplo. Ele viveu os últimos sete anos à espera que o correio lhe trouxesse uma boa notícia que nunca veio. Viveu e morreu angustiado no avião que o levava de volta para a terra de onde tinha fugido.
Ninguém volta as costas à sua pátria sem uma razão de força maior. A insegurança, o medo do regresso dos dias de ódio, levou Hanna Saka a sair do Iraque e a pedir asilo na Suécia. A burocracia derrotou-o. O stress fez o resto. Hanna Saka morreu quando sonhava viver sem medo longe do seu país. Isto diz muito de como está o Iraque, nos dias que correm.
PA