Hoje volto a falar sobre a questão do rapto de raparigas cristãs, objecto de um Relatório da Fundação AIS e que revela “situação catastrófica” ao nível dos direitos humanos.
A grande investigação da Fundação AIS descreve “relatos assustadores de mulheres e raparigas cristãs vítimas de violência, raptos, violações, casamentos forçados em países como o Paquistão ou Moçambique, a Nigéria ou o Egipto”.
Em zonas de conflito ou onde se verificam insurgências islâmicas, nomeadamente no Médio Oriente ou em certas regiões do continente africano, as mulheres oriundas de minorais religiosas sofrem altos níveis de exploração sexual.
Comnto rapidamente apenas dois casos, duas histórias de duas mulheres cristãs vítimas desta violência. Maira Shahbaz, uma jovem cristã paquistanesa, foi raptada, torturada e violada em Abril de 2020, quando tinha apenas 14 anos de idade. Maira, que escreve o prefácio do Relatório, conta a sua história em que revela também uma teia de cumplicidades e de silêncios entre as autoridades e os autores dos crimes.
A jovem, que conseguiu, entretanto, fugir dos raptores, está a viver escondida, desde Agosto de 2020, juntamente com a sua família mais próxima, pois todos têm sido alvo de ameaças de morte. A tal ponto que a Fundação AIS no Reino Unido promoveu uma petição pública e apresentou ao governo britânico um pedido para a concessão de asilo.
Tal como Maira Shahbaz, outras mulheres e raparigas aceitaram partilhar as situações dramáticas que testemunharam. É o caso de Rita Habib, uma iraquiana que vivia em Qaraqosh quando a cidade caiu nas mãos dos jihadistas do Daesh, em Agosto de 2014.
Rita descreve que foi escravizada, violentada e vendida por diversas vezes até ter sido comprada por elementos da Fundação Shlama – um grupo financiado pela diáspora assíria e caldeia –, que se fizeram passar por jihadistas para conseguirem resgatar a sua liberdade.
Em comum a todos os casos analisados está o facto de os violadores, os raptores, pertencerem à comunidade muçulmana e olharem para as mulheres e raparigas cristãs com absoluto desprezo.
De facto, o Relatório refere mesmo que os casos de conversão forçada de raparigas e mulheres cristãs “pode ser classificado como genocídio”, pois decorre da ameaça de destruição da comunidade nomeadamente por grupos jihadistas.
A divulgação do Relatório foi alvo, entretanto, de uma atitude censória no Reino Unido pelos responsáveis do Facebook. A restrição à divulgação de informações relacionadas com o documento e à campanha que a instituição está a promover neste país, mereceu a crítica de Neville Kyrke-Smith, director do secretariado local da Fundação AIS. “Estamos horrorizados – disse Nevile – que a nossa campanha, que visa ajudar mulheres em sofrimento, tenha sido censurada de forma tão rígida”.
O Relatório “Oiçam os Gritos delas” pode ser solicitado à Fundação AIS em Portugal pelo telefone 217544000 ou por mail em apoio@fundacao-ais.pt. Leia, divulgue. Por favor, não fique indiferente!
Paulo Aido