5 minutos com a AIS #102

A notícia, infelizmente, não surpreendeu. Um catequista e animador da palavra da comunidade São Paulo, da aldeia Nova Zambézia, foi assassinado no dia 15 de Dezembro, num dos mais recentes ataques da responsabilidade dos terroristas na região de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
O catequista, identificado como Matias Bustam, estava a deslocar-se para a machamba – terreno usado para a agricultura –, na companhia da mulher e filhos, quando foi surpreendido pelos “insurgentes”, como os terroristas são conhecidos localmente, tendo sido assassinado de “forma cruel”.
Uma fonte da Igreja Católica, que pediu para não ser identificada, confirmou o ataque à Fundação AIS explicando que o catequista teria sido “abordado por um grupo não especificado de insurgentes” que o “degolaram”.
A notícia deste ataque à aldeia Nova Zambézia, situada na zona de Macomia, é conhecida na mesma altura em que a imprensa dá conta da morte de um militar sul africano, na sequência de um assalto dos terroristas nesta segunda-feira, dia 20 de Dezembro, ao posto administrativo situado na aldeia de Chai, também no distrito de Macomia.
Segundo a imprensa da África do Sul, haverá a registar também algumas baixas entre soldados moçambicanos que integravam a unidade que terá sido alvo de “uma emboscada”.
A par destes ataques na província de Cabo Delgado, tem havido notícias também da presença de terroristas em Niassa. Em 28 de Novembro ocorreu um ataque na aldeia de Naulila, no distrito de Mecula, nesta província, e já no início de Dezembro o alvo foi a localidade de Lichengue, onde várias casas foram incendiadas.
Desde que os ataques armados tiveram início, em Outubro de 2017, já morreram mais de três mil pessoas. Como consequência directa da violência, há cerca de 800 mil deslocados internos. Toda esta situação tornou Moçambique num país prioritário para a Fundação AIS no continente africano, especialmente no que diz respeito ao apoio aos refugiados.

A ajuda da Fundação AIS tem-se materializado nomeadamente em projectos de assistência pastoral e apoio psicossocial, mas também no fornecimento de materiais para a construção de dezenas de casas, centros comunitários e ainda a aquisição de veículos para os missionários que trabalham junto dos centros de reassentamento que abrigam as famílias fugidas da guerra.
A notícia do assassinato do catequista, infelizmente não surpreendeu. A região norte de Moçambique está tomada pela violência terrorista. Essa é, também infelizmente, apenas uma das tragédias que afectam estas populações. A pobreza, o sentimento de abandono, a falta de expectativas de vida para os jovens, são outras das misérias que fazem de Cabo Delgado a região mais pobre de um dos mais pobres países do mundo.
Paulo Aido

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